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Realidade Cultural​

     Sabemos que pessoas com ensino superior e de maior poder econômico tem um acesso mais amplo à arte contemporânea, desde cedo são estimulados pelos pais e professores a se interessar por cultura. É uma regalia para poucos, já que no Brasil, o setor cultural não é tratado como algo prioritário, pelo contrário, a cada dia se investe menos nesse setor.

     De acordo com pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo em abril deste ano, quase um terço da população da Capital paulista, nunca frequentou qualquer centro cultural, até mesmo porque os grandes espaços culturais, estão localizados bem distantes das periferias e regiões metropolitanas. Outro fator que dificulta o acesso aos meios culturais de grande parte da população é o valor dos ingressos. Alguns museus disponibilizam em dias de semana a entrada gratuita, mas em dias úteis a maioria das pessoas estudam ou trabalham, sem contar com o valor do vale-transporte, que é gasto para a locomoção até o centro de cultura. Também não vemos uma divulgação abrangente sobre essa gratuidade, assim temos a sensação de que é proposital não estimular a visitação dos menos favorecidos, comercialmente falando.

     Theodor Adorno e Max Horkheimer grandes filósofos da escola de Frankfurt, já levantavam a ideia de que as grandes corporações midiáticas controlariam a Indústria Cultural, despertando na população desejos em adquirir produtos e conhecimentos desnecessários, fazendo com o que é importante seja esquecido. Construindo uma sociedade que valoriza o que é supérfluo, ignorando  o que é essencial para uma sociedade igualitária em termos culturais e sociais.

     A grande mídia mantém o entretenimento de forma alienada, instalando uma espécie de mecanização no indivíduo, dificultando a procura por conteúdos culturais de nível educativo e despertando a crença de que para visitar as exposições e contemplar uma obra de arte requer de conhecimento específico, o que é equivocado. Todos temos capacidade de contemplar e entender uma obra de arte, o entendimento é livre e aceitável em várias percepções, mas a mídia e o poder público, estão deixando o poder de decisão do cidadão de lado.

     Os artistas contemporâneos se baseiam na atualidade para a criação de suas obras, abrindo um campo para questionamentos e ideias mais abrangentes sobre o meio social em que se vive. Talvez não seja tão interessante para o Estado investir e divulgar esse tipo de atividade, afinal com um conhecimento cultural maior, criamos um senso crítico mais apurado, permitindo assim a expansão do conhecimento de forma geral e dificultando a aceitação de opiniões prontas.

     Quando é garantido o acesso à cultura, temos cidadãos com bagagem cultural mais rica, e com olhar amplo aos problemas da sociedade, encontramos profissionais mais preparados para o mercado de trabalho, com maior facilidade em se relacionar, tornando seres mais empáticos, com maior respeito pelas diferenças. Esse é o caminho para a formação de pessoas menos alienadas, num mundo onde quem está em maior ascensão dita as “regras, e o comportamento ideal a ser seguido”. Somente através da educação e do conhecimento sairemos dessa teia de estereótipos e assumiremos o valor da nossa identidade dos nossos desejos e pensamentos

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